segunda-feira, 7 de março de 2011

DE QUE TRATA A TEORIA ECONÔMICA

Imagem: Internet




As ciências sociais procuram descrever como as pessoas agem. O que torna a economia diferente das outras ciências sociais são os modelos utilizados pelos economistas. Os modelos econômicos assumem que as pessoas são racionais (com preferências bem ordenadas), que desejam maximizar algo (tal como os lucros e a satisfação) e, a partir daí, fazem o melhor que podem, dados os recursos escassos.

Considere um modelo econômico simples. Estamos em um supermercado que tem vários caixas abertos. É um dia de muito movimento e há pessoas em todas as filas dos caixas. Queremos um modelo que faça previsões sobre quantas pessoas estarão em cada fila. Um economista provavelmente assumiria que as pessoas sabem quão rápido cada uma se move e que procuram gastar o mínimo possível de tempo na fila. Se o tempo de espera em uma fila é menor, as pessoas vão trocar de fila. Isso vai continuar até que o tempo esperado de permanência em cada fila seja igual. Essa é a principal previsão do modelo. O modelo também prevê que os caixas mais lentos terão filas menores.

A previsão do tempo de espera igual em todos os caixas é uma proposição positiva. Uma proposição positiva é uma afirmação sobre o que realmente é. Uma proposição positiva pode ser testada. Poderíamos medir o tempo de espera em um supermercado. Provavelmente, encontraríamos apenas um tempo médio de espera. Entretanto, os resultados poderiam ser falsos porque as hipóteses são falsas (as pessoas podem não ter informação suficiente ou podem importar-se com outras coisas além do tempo de espera). Portanto, uma proposição positiva é uma proposição que pode ser demonstrada verdadeira ou falsa.

Outro tipo de proposição é uma proposição normativa. Uma proposição normativa faz um julgamento moral sobre como as coisas deveriam ser. Por exemplo, alguns clientes poderiam dizer: alguns são obrigados a esperar mais que outros, o que não é justo. Sem fazer um julgamento moral, não existe maneira de dizer que tal proposição é correta.

Muitas vezes pede-se que os economistas expliquem as causas e acontecimentos econômicos. Por que, por exemplo, o desemprego entre adolescentes é maior do que entre trabalhadores mais velhos? Às vezes solicita-se que os economistas recomendem políticas que melhorem os resultados da economia.

O que, por exemplo, o governo deveria fazer para melhorar o bem-estar econômico dos adolescentes? Quando tentam explicar o mundo, os economistas são cientistas. Quando tentam ajudar a melhorar a situação, são conselheiros políticos.



Análise Positiva versus Análise Normativa

Para ajudar a esclarecer os dois papéis que os economistas desempenham, começaremos examinando o uso da linguagem. Como cientistas e conselheiros políticos têm objetivos diferentes, usam a linguagem de maneiras diferentes.

Por exemplo, suponhamos que duas pessoas estejam discutindo a respeito do salário mínimo. Eis duas afirmativas que poderíamos ouvir delas:
POLLY: O salário mínimo causa desemprego.
NORMA: O governo deveria aumentar o salário mínimo.

Ignorando, por enquanto, se você concorda com essas afirmações ou discorda delas, observe que a Polly e a Norma diferem quanto ao que estão tentando fazer: Polly fala como cientista: ela está fazendo uma declaração sobre a maneira como o mundo funciona. Norma fala como conselheira política: ela faz uma declaração sobre como gostaria de mudar o mundo.

Em geral, as declarações a respeito do mundo são de dois tipos. Um tipo, como declarações positivas o de Polly, é positivo. Declarações positivas são descritivas; são afirmações a respeito de como o mundo é. O segundo tipo de declaração, como o de Norma, é normativo. Declarações normativas são prescritivas; tratam de como o mundo deveria ser.

Uma diferença fundamental entre as declarações positivas e as normativas está em como julgamos sua validade. Podemos, em princípio, confirmar ou refutar as afirmações positivas por meio do exame de evidências;. Um economista poderia  avaliar a declaração de Polly analisando dados sobre as variações no salário mínimo e no desemprego ao longo do tempo. Em comparação, avaliar declarações normativas envolve tanto valores quanto fatos. A declaração de Norma não pode ser julgada apenas com a utilização de dados. Decidir o que é uma boa ou uma má política não é meramente uma questão científica; envolve também nossa visão sobre ética, religião e filosofia política.

É claro que as declarações positivas e as normativas podem estar relacionadas. Nossas visões positivas sobre como o mundo funciona afetam nossas opiniões normativas sobre que políticas são desejáveis. A declaração de Polly de que o salário mínimo causa desemprego, se verdadeira, poderia nos levar a rejeitar a conclusão de Norma de que o governo deveria aumentar o salário mínimo. Contudo, nossas conclusões normativas não podem vir apenas da análise positiva: elas também envolvem tanto análises positivas quanto julgamentos de valor.

Ao estudar economia, tenha sempre em mente a distinção entre declarações positivas e normativas. Grande parte da teoria econômica apenas tenta explicar como a economia funciona. No entanto, o objetivo da teoria econômica é, muitas vezes, melhorar a maneira como a economia funciona. Quando você escuta economistas fazendo declarações normativas, saiba que eles cruzaram a linha, passando de cientistas a conselheiros políticos,

Economistas em Washington


O presidente Harry Truman disse, uma vez, que gostaria de encontrar um economista que tivesse um só braço. Quando pedia conselhos aos seus economistas, eles sempre respondiam: "Por um lado... Por outro lado...".

Truman estava certo ao perceber que os conselhos dos economistas nem sempre são diretos. Essa tendência está enraizada em um dos Dez Princípios de Economia: as pessoas enfrentam tradeoffs. Os economistas estão cientes de que tradeoffs estão incluídos na maioria das decisões políticas. Uma política pode aumentar a eficiência ao custo da eqüidade. Pode ajudar gerações futuras em detrimento das gerações atuais. Um economista que diz que todas as decisões políticas são fáceis não é um economista confiável.

Truman também não foi o único presidente a confiar em conselhos de economistas. Desde 1946, o presidente dos Estados Unidos é orientado pelo Council of economics Advisers (Conselho de Assessores Econômicos) que consiste em três membros e uma equipe composta de dezenas de economistas. O conselho, cujo escritório fica a apenas alguns metros da Casa Branca, não tem outra obrigação a não ser assessorar o presidente e escrever anualmente o Economic Report of the President.

O presidente também recebe insumos de economistas de muitos departamentos administrativos. Os economistas do Departamento do Tesouro ajudam a formular a política tributária. Os economistas do Departamento do Trabalho analisam dados sobre os trabalhadores e sobre as pessoas que estão procurando emprego, com o objetivo de ajudar na formulação de políticas para o mercado de trabalho. Os economistas do Departamento de Justiça ajudam a aplicar as leis antitruste do país.

Também há economistas no governo que não pertencem ao Poder Executivo. Para obter avaliações independentes das políticas propostas, o Congresso é assessorado pelo Escritório de Orçamento do Congresso, composto de economistas. O Federal Reserve, a instituição que estabelece a política monetária do país, emprega centenas de economistas para analisar o desenvolvimento da economia nos Estados Unidos e em todo o mundo.

A influência dos economistas sobre a política vai além de sua função como conselheiros: suas pesquisas e textos muitas vezes afetam indiretamente a política. O economista John Maynard Keynes fez a seguinte observação: "As idéias dos economistas e dos filósofos políticos, tanto quando eles estão certos quanto quando eles estão errados, são mais poderosas do que geralmente se entende. Na verdade, o mundo é regido por pouca coisa a mais, homens práticos, que se acreditam isentos de influências intelectuais são geralmente escravos de algum economista defunto. Os loucos em posições de comando, que ouvem vozes no ar, destilam seu frenesi a partir de algum escriba acadêmico de poucos anos atrás". Embora essas palavras tenham sido escritas em 1935, ainda hoje são verdadeiras. Na realidade, o "escriba acadêmico" que hoje influencia a política pública é quase sempre o próprio Keynes.

 

Por Que os Economistas Divergem


"Se todos os economistas fossem colocados lado a lado, não chegariam a nenhuma conclusão". Esse gracejo de George Bernard Shaw é revelador. Os economistas como um grupo, freqüentemente são criticados por dar conselhos conflitantes aos formuladores de políticas. O presidente Ronald Reagan uma vez brincou dizendo que se o jogo Trivial Pursuif tivesse sido criado por economistas, teria cem perguntas e 3 mil respostas.

Por que os economistas aparecem tão freqüentemente dando conselhos conflitantes aos formuladores de políticas? Há dois motivos básicos:

· Os economistas podem discordar quanto à validade de teorias positivas alternativas sobre o funcionamento do mundo.
· Os economistas podem ter valores diferentes e, portanto, visões normativas diferentes sobre que políticas devem ser realizadas.
Vamos discutir cada um desses motivos.

Divergências quanto ao Julgamento Científico

Há muitos séculos, os astrônomos debatiam se a Terra ou o Sol seriam o centro do sistema solar. Mais recentemente, os meteorologistas têm discutindo se a Terra esta passando pôr um aquecimento global e, em caso positivo, o porquê disso. A ciência é a busca pela compreensão do mundo que nos cerca. Não é de surpreende que, à medida que a busca continua, os cientistas podem .divergir quanto à direção em que a verdade se encontra.

Os economistas freqüentemente divergem pelo mesmo motivo. A economia é uma ciência jovem e ainda há muito a aprender. Os economistas às vezes divergem porque têm palpites diferentes sobre a validade de teorias alternativas ou sobre, magnitude de parâmetros importantes.

Pôr exemplo, os economistas divergem sobre se o governo deveria cobrar impostos sobre a renda das famílias ou sobre o seu consumo (despesas). Os que defendem uma mudança do atual imposto de renda para um imposto sobre o consumo acre ditam que a mudança incentivará as famílias, a poupar mais porque a renda poupa da seria isenta de impostos.

Poupanças maiores, pôr sua vez, levariam a um rápido crescimento da produtividade e dos padrões de vida. Os que defendem a tributação sobre a renda corrente acreditam que a poupança das famílias não responderia muito a mudanças nas leis tributárias. Esses dois grupos de economistas têm diferentes opiniões normativas sobre o sistema tributário porque tem diferentes opiniões positivas a respeito do grau de resposta da poupança aos incentivos tributários.



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