segunda-feira, 5 de março de 2012

A BASE DO PENSAMENTO ECONÔMICO

 

1. MERCANTILISTAS


Durante o período de 1500 a 1800, apareceu um grupo de autores na Europa que estavam preocupados com o processo de construção de uma nação.  Podemos definir o mercantilismo como sendo a política econômica adotada na Europa durante o Antigo Regime. O governo absolutista interferia muito na economia dos países. O objetivo principal destes governos era alcançar o máximo possível de desenvolvimento econômico, através do acúmulo de riquezas. Quanto maior a quantidade de riquezas dentro de um reino, maior seria seu prestígio, poder e respeito internacional.

Principais características do sistema econômico mercantilista:
1.      Metalismo: o ouro e a prata eram metais que deixavam uma nação muito rica e poderosa, portanto os governantes faziam de tudo para acumular estes metais. Além do comércio externo, que trazia moedas para a economia interna do país, a exploração de territórios conquistados era incentivada neste período. Foi dentro deste contexto histórico, que a Espanha explorou toneladas de ouro das sociedades indígenas da América como, por exemplo, os maias, incas e astecas.
2.      Industrialização: o governo estimulava o desenvolvimento de indústrias em seus territórios. Como o produto industrializado era mais caro do que matérias-primas ou gêneros agrícolas, exportar manufaturados era certeza de bons lucros.
3.      Protecionismo Alfandegário: os reis criavam impostos e taxas para evitar ao máximo a entrada de produtos vindos do exterior. Era uma forma de estimular a indústria nacional e também evitar a saída de moedas para outros países.
4.      Balança Comercial Favorável: o esforço era para exportar mais do que importar, desta forma entraria mais moedas do que sairia, deixando o país em boa situação financeira.

            A questão central era como uma nação poderia disciplinar suas transações nacionais e internacionais a fim de promover seus próprios interesses. A solução residia em um setor de comércio exterior forte.  Se um país pudesse obter um saldo comercial favorável, ele se beneficiaria com os pagamentos recebidos do resto do mundo. Para promover uma balança comercial favorável, os mercantilistas defendiam a regulamentação oficial do comércio.  Tarifas, cotas e outras políticas comerciais foram propostas por eles para minimizar as importações a fim de proteger a posição comercial de uma nação.

2. OS CLÁSSICOS

2.1 Adam Smith

No século XVIII, as políticas econômica dos mercantilistas sofreram forte ataque. Os mercantilistas foram criticados pelo Adam Smith por sua visão estática da economia mundial.  Para os mercantilistas, o bolo econômico mundial era de tamanho constante.  Os ganhos de uma nação com o comércio surgiam à custa de seus parceiros comerciais – nem todas as nações podiam aproveitar simultaneamente os benefícios do comércio mundial. 
Adam Smith, em 1776, na sua publicação, A Riqueza das Nações, argumenta que o bolo econômico mundial não é uma quantidade fixa.  O comércio internacional permite que as nações aproveitem a especialização e a divisão do trabalho, as quais elevam o nível geral de produtividade de um país, e aumenta o produto mundial.  Adam Smith sugeria que ambos os parceiros comerciais poderiam aproveitar simultaneamente níveis maiores de produção e consumo graças ao livre comércio.
Smith era um defensor importante do livre-comércio.  Com o livre comércio, as nações poderiam concentrar sua produção nos bens que conseguiriam produzir de maneira mais barata.  Ao aceitar a idéia de que as diferenças de custo regulam o movimento de bens entre as nações, Smith procurou explicar por que os custos diferem entre as nações.  Ele afirmou que as produtividades dos fatores de produção representam o determinante principal do custo de produção.  Tais produtividades são baseadas em vantagens naturais e adquiridos. 

Vantagens naturais:     incluem fatores relacionados com o clima, o solo, a riqueza mineral.
Vantagens adquiridos: incluem aptidões e técnicas especiais. 

Existindo uma vantagem natural ou adquirida para a produção de um bem, Smith raciocinou que uma nação produziria esse bem a um custo menor, tornando-se mais competitiva que sua parceira comercial.  Portanto, Smith encarava a determinação da vantagem competitiva do lado da oferta do mercado.
O conceito de custo proposto por Smith baseava-se na teoria do valor-trabalho, a qual assume que em cada nação:
1)      o trabalho é o único fator de produção e é homogêneo (de qualidade única)
2)      o custo ou o preço de um bem depende exclusivamente da quantidade de trabalho exigida para produzi-lo.
O princípio comercial de Smith era o PRINCÍPIO DA VANTAGEM ABSOLUTA (isto é, utilizar menos mão-de-obra para fabricar uma unidade de produto).  Para que o mundo se beneficie da divisão internacional do trabalho, cada nação precisa ter um bem totalmente mais eficiente para ser produzido por ela que por seu parceiro comercial.  Uma nação exportará aqueles bens para os quais possui uma vantagem de custo absoluto e importará esses bens para os quais possui uma desvantagem de custo absoluto.  Em virtude de o mundo empregar seus recursos de modo mais eficiente como resultado da vantagem absoluta, ocorre um aumento da produção mundial.
            O livro de Smith é um tratado muito abrangente sobre as questões econômicas que vão desde as leis de mercado e aspectos monetários até a distribuição do rendimento da terra, concluindo com um conjunto de recomendações políticas.
         Smith acreditava que apenas as leis de mercado, considerada por ele como “mão invisível”, seria capaz de orientar toda a economia sem a necessidade da atuação do Estado. Acreditava que a causa da riqueza das nações estava na livre iniciativa, conhecida como laissez-faire e no valor do trabalho humano.
             A idéia de Smith era clara. Defendia de maneira ferrenha a divisão do trabalho. Acreditava na ampliação dos mercados e tinha convicção de que o papel do Estado na economia deveria corresponder à proteção da sociedade, com a criação de instituições necessárias apenas ao bem estar social. Segundo ele, os assuntos econômicos em geral deveriam seguir apenas e tão somente às leis de mercado.

2.2. Jean Baptiste Say

            O Economista francês Jean-Baptiste Say, retomou a obra de Smith ampliando-a. Observou que os novos mercados precisavam de muitos produtos, que as manufaturas e corporações de ofício da época não conseguiam ofertar. A revolução industrial ainda estava engatinhando, em virtude da energia elétrica não ter entrado no contexto. A matriz energética da época ainda era o carvão mineral e todo o maquinário era movido a vapor Nesse contexto. Say afirmou: “A oferta é que cria a procura”.  Com essa afirmação segundo ele, o aumento da produção se transformaria em renda dos trabalhadores e empresários e seria gasta na compra de novas mercadorias e serviços. A afirmação se popularizou até se transformar em lei.  A Lei de Say.

2.3. David Ricardo

           David Ricardo é outro expoente do período clássico. Partindo das idéias de Smith, desenvolveu alguns modelos econômicos com grande potencial analítico. Ricardo analisou entre outras coisas, o comércio entre as nações e quais deveriam ser os produtos comercializados por elas. Esse estudo ficou conhecido pelo nome de Vantagens Comparativas.
            A maioria dos estudiosos considera que os estudos de Ricardo deram origem as duas correntes antagônicas: a neoclássica pelas suas abstrações simplificadoras e a marxista pela ênfase dada à questão distributiva da renda.
De acordo com Smith, o comércio mutuamente benéfico exige que cada nação seja o produtor de menor custo de pelo menos um bem que ela pode exportar a seu parceiro comercial.
            Mas se uma nação for mais eficiente que seu parceiro comercial na produção de todos os bens?  Insatisfeito com a fragilidade da teoria de Adam Smith, David Ricardo desenvolveu um princípio para demonstrar que o comércio mutuamente benéfico pode ocorrer mesmo quando uma nação é totalmente mais eficiente na produção de todos os bens.
A teoria de comércio de Ricardo tornou-se conhecida como PRINCÍPIO DA VANTAGEM COMPARATIVA.  De acordo com a teoria, mesmo se uma nação possui uma desvantagem de custo absoluta na produção de ambos os bens, ainda pode existir uma base para um comércio mutuamente benéfico.  A nação menos eficiente deveria especializar-se e exportar o bem para o qual é relativamente menos eficiente (para o qual sua desvantagem absoluta é menor).  A nação mais eficiente deveria especializar-se a exportar aquele bem para o qual ela é relativamente mais eficiente (para o qual sua vantagem absoluta é maior).

3. MARXISMO

Marx que nasceu na Prússia, hoje território alemão, era filósofo e com Frederick Engels escreveu O Manifesto Comunista, publicado em forma de panfleto em 1848.
No século XIX, Karl Marx fez a crítica mais influente à economia de mercado e a ciência econômica, em sua obra O Capital, publicadae em 1867, ao defender que esta forma de organização econômica é uma forma de exploração do homem pelo homem. Marx defendia que toda riqueza era produzida pelo trabalho humano e que os donos do capital se limitavam a apropriar-se da riqueza produzida pelos trabalhadores.
Para Marx, o capital apareceu com a burguesia, considerada uma classe social que se desenvolveu após o desaparecimento do sistema feudal e se apropriou dos meios de produção. A outra classe social, o proletariado era obrigada a vender sua força de trabalho, devido a impossibilidade de produzir o necessário para sobreviver.
            Marx criou o conceito de mais valia, fazendo uma referência entre a diferença do valor das mercadorias que os trabalhadores produziam em um dado período de tempo e o valor recebido por eles pela oferta da força de trabalho. Com esse termo, Marx afirmava que a classe trabalhadora era explorada pela burguesia.
            A força vendida pelo operário ao patrão vai ser utilizada não durante 6 horas, mas durante 8, 10, 12 ou mais horas. A mais-valia é constituída pela diferença entre o preço pelo qual o empresário compra a força de trabalho (6 horas) e o preço pelo qual ele vende o resultado (10 horas). Desse modo, quanto menor o preço pago ao operário e quanto maior a duração da jornada de trabalho, tanto maior o lucro empresarial. No capitalismo moderno, com a redução progressiva da jornada de trabalho, o lucro empresarial seria sustentado através do que se denomina mais-valia relativa (em oposição à primeira forma, chamada mais-valia absoluta), que consiste em aumentar a produtividade do trabalho, através da racionalização e aperfeiçoamento tecnológico, mas ainda assim não deixa de ser o sistema semi-escravista, pois "o operário cada vez se empobrece mais quando produz mais riquezas", o que faz com que ele "se torne uma mercadoria mais vil do que as mercadorias por ele criadas". Assim, quanto mais o mundo das coisas aumenta de valor, mais o mundo dos homens se desvaloriza. Ocorre então a alienação, já que todo trabalho é alienado, na medida em que se manifesta como produção de um objeto que é alheio ao sujeito criador. O raciocínio de Marx é muito simples: ao criar algo fora de si, o operário se nega no objeto criado. É o processo de objetificação. Por isso, o trabalho que é alienado (porque cria algo alheio ao sujeito criador) permanece alienado até que o valor nele incorporado pela força de trabalho seja apropriado integralmente pelo trabalhador. Em outras palavras, a produção representa uma negação, já que o objeto se opõe ao sujeito e o nega na medida em que o pressupõe e até o define.
            É importante destacar que um dos fatores que inspiraram Marx a criticar o capitalismo, foi a obra de David Ricardo, (A Teoria do Valor), principalmente nas páginas onde Ricardo aborda o valor absoluto das mercadorias e o valor real do trabalho.
            Marx enfatizou muito o aspecto político em seus trabalhos. Suas obras causaram impacto violento não só na ciência econômica como em outras áreas do conhecimento.  Economistas contemporâneos afirmam que com ele nasceu a base do pensamento socialista.

4.  A REVOLUÇÃO KEYNESIANA

Nos anos 30, a teoria econômica que prevalecia foi posta em questão por John Maynard Keynes, com a quebra da bolsa dos Estados Unidos em 1929, ele questiona a Lei de Say, em função do excedente de produção. Contestando assim, o pensamento econômico da época e afirmando que é a demanda quem determina a oferta. Em 1936, Keynes publicou seu clássico Teoria Geral do emprego, dos Juros e da Moeda que procurou explicar as flutuações econômicas de curto prazo em geral e, a Grande Depressão. Há muito tempo Keynes, era um crítico  da teoria econômica clássica porque ela só explicava os efeitos de longo prazo das políticas. Alguns anos antes de publicar seu livro, ele escreveu o seguinte a respeito da economia clássica:
O longo prazo é um guia enganoso para as situações presentes. No longo prazo estaremos mortos. Os economistas se propõem a uma tarefa muito fácil e inútil se em épocas de tempestades eles puderem dizer que, quando o temporal tiver passado, o oceano estará calmo. (Trecho tirado do livro Introdução à Economia,  Gregory Mankiw, 2005, p.750).       
                  
Esta mensagem era dirigida especialmente aos formuladores de políticas, tanto quanto aos economistas. Enquanto as economias do mundo sofriam com o elevado desemprego, Keynes defendia políticas para aumentar a demanda agregada, inclusive despesas do governo em obras públicas.
            A teoria vigente na época acreditava que o problema se tratava de uma crise temporária que com certeza as leis de mercado iriam resolver e isso não aconteceu. Keynes percebeu que a crise havia quebrado a nível financeiro, todo o setor privado da economia americana, porém observou que o setor público dos Estados Unidos estava sólido e pronto para acudir a economia interna do país.
            O elevado grau de desemprego deixou muita gente sem renda e o consumo despencou deixando um considerável excedente de produtos sem consumo e surge uma questão: Onde estava a lei de Say? Keynes discordou da Lei de Say.   Ele não acreditava que a produção de mercadorias gerariam, sempre e obrigatoriamente, demanda suficiente para outras mercadorias. Poderiam ocorrer crises de super-produção, como ocorreu na década de 1930. Para ele o livre mercado pode, durante os períodos recessivos, não gerar demanda bastante para garantir o pleno emprego dos fatores de produção devido ao "entesouramento" das poupanças. Nessa ocasião seria aconselhável que o Estado criasse déficits fiscais para aumentar a demanda efetiva e instituir uma situação de pleno emprego.
            Não foi difícil para Keynes concluir que a lógica era inversa, o tempo havia passado aquele dogma estava ultrapassado.  Não era mais a oferta que desencadeava a procura e sim a procura que desencadeava a oferta.  O objetivo de Keynes, ao defender a intervenção do Estado na economia não é, de modo algum, destruir o sistema capitalista de produção. Muito pelo contrário, segundo ele, o capitalismo é o sistema mais eficiente que a humanidade já conheceu, incluindo aí o socialismo. O objetivo é o aperfeiçoamento do sistema, de modo que se una o altruísmo social (através do Estado) com os instintos do ganho individual (através da livre iniciativa privada).
Segundo Keynes, a intervenção estatal na economia é necessária porque essa união não ocorre por vias naturais, graças a problemas do livre mercado (desproporcionalidade entre a poupança e o investimento e o "Estado de Ânimo“ dos empresários).
Keynes propôs intervenções estatais na economia com o objetivo de estimular o crescimento e baixar o desemprego. Para intervir, os estados deviam aumentar os seus gastos financiados, entre outros, com a emissão de moeda, que por sua vez geraria inflação.
As idéias de Keynes permaneceram nas políticas econômicas dos países ocidentais até os anos 70. A partir daí, a política econômica passou a ser orientada pelos economistas neoclássicos embora os keynesianos ainda são muito numerosos. Os neoclássicos alegavam (e alegam) que o estado empreendedor de Keynes é oneroso, burocrático e ineficiente e devendo subordinar-se ao invés de atuar  no mercado.
             Os argumentos de Keynes influenciaram e muito a política econômica dos países capitalistas e estimularam a macroeconomia. De modo geral, essas políticas revelaram-se eficientes e apresentaram resultados positivos no período que se seguiu a segunda guerra mundial. Os governos segundo Keynes, tinham a obrigação de intervir nos assuntos econômicos para equilibrar o emprego e a sustentabilidade da política econômica mundial.

5. TEORIA NEOCLÁSSICA

           O grande nome desse período foi Alfred Marshall (1842 -1924) Seu livro, Princípios de Economia, publicado em 1890, serviu como livro - texto básico até a metade do século XX. Estudou o comportamento do consumidor em detalhes e procurou demonstrar a importância do equilíbrio entre oferta e procura no mercado. Ao lado de personagens famosos, como Walras, Shumpeter e outros, estudou a relação existente entre a quantidade de moeda e a quantidade de produtos disponíveis no mercado. A conjugação dos dois fatores seria de vital importância para a determinação do preço.  Segundo Marshall, o valor correto do preço dos produtos seria capaz de equilibrar todo o sistema econômico.



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